Perspetivas sobre o Valor da Água
No contexto da ABMG, os Serviços de Suporte à Gestão e Recursos Humanos assumem um papel central na estrutura orgânica da empresa, assegurando a gestão eficiente dos processos administrativos, o acompanhamento dos procedimentos de recursos humanos, e a promoção de práticas que valorizam o desenvolvimento profissional e o bem-estar dos colaboradores. Esta unidade orgânica integra áreas funcionais como o controlo de gestão, contratação pública e recursos humanos, sendo responsável por garantir que as políticas internas e os processos de recrutamento, formação e avaliação de desempenho contribuem para a sustentabilidade e para a almejada excelência dos serviços prestados.
Certo dia, deram-me a visualizar um vídeo1. Era um vídeo gravado em Los Angeles, Estados Unidos da América, que se passava numa sala de cinema lotada de pessoas a aguardar o início de uma sessão. Nisto, percorrem os corredores vários jovens a oferecer garrafas de água numa espécie de promoção de uma marca qualquer. Só que estas garrafas tinham uma característica, requeriam um esforço maior que o habitual para serem abertas.
Entregue uma garrafa a cada pessoa, a câmara ia focando as pessoas que as tentavam abrir sem sucesso. Apenas poucas delas chegavam a empregar esforço suficiente para as conseguir abrir e de forma geral a plateia ia ficando, cada vez, mais frustrada e impaciente.
Nisto, as luzes da sala apagam-se, como que a iniciar a habitual exibição dos traillers promocionais. E assim foi, só que o trailler, desta vez, era um vídeo que mostrava adultos e crianças em locais de África que para terem acesso à água iam recolhê-la, com recurso a bidões e jerricãs, em charcos lamacentos e remotos.
Toda esta encenação, da autoria da ONG The Water Project, tinha, pois, como objetivo enfatizar a diferença do esforço que as pessoas dos países desenvolvidos necessitam de empregar para aceder à água, relativamente ao das pessoas que habitam locais menos desenvolvidos.
Tenho presente os relatos das peripécias vividas na mocidade dos nossos pais e avós passadas durante a ida à fonte buscar a água. Certamente que foram momentos muito engraçados e divertidos, mas se pensarmos que fazia parte da rotina diária o “ir à água”, fosse verão ou inverno, tomamos consciência do esforço e tempo que, há apenas algumas décadas, era necessário dedicar-se para aceder à Água.
No pós 25 de abril, os municípios aceleraram na infraestruturação das redes de captação e distribuição de água às populações e nos anos 90 o estado investiu fortemente na captação, reserva e adução de água (em alta) operacionalizando, o que é internacionalmente conhecido como, “o milagre português”.
Mas a água é de todos, cai do céu, umas vezes com abundância, outras nem por isso, os rios vão tendo o seu caudal e os nascentes e poços vão continuando a oferecer o líquido precioso. Talvez, por isso, é que vai subsistindo a ideia, mais ou menos generalizada, de que a água existe em abundância e que pode ser utilizada sem pagar ou pagando um preço muito reduzido.
Mas a água que existe na natureza, não raras vezes, está imprópria para consumo humano. Não vamos buscar água aos rios, em bidões ou jerricãs, para bebermos ou cozinharmos. Nem tão pouco devíamos utilizar água de furos ou poços não controlada ou tratada para consumirmos.
As entidades que prestam o serviço de distribuição de água à população, têm uma missão muito “simples”: captar a água, tratá-la para a tornar segura para consumo humano, transportá-la, mantendo-a segura, pressurizá-la e colocá-la à nossa disposição em condições de a utilizarmos a todas as horas do dia e todos os dias do ano. E, no fim de a utilizarmos e a descartarmos, estas entidades recolhem-na, voltam a transportá-la e tratam-na para que possa ser devolvida em segurança à natureza e ao meio ambiente.
Esta missão “simples” requer muitos meios: humanos, materiais e infraestruturas. No seu conjunto representam avultados custos e, segundo a legislação portuguesa, a receita proveniente das tarifas deve cobrir todos os custos da prestação destes serviços, não sendo permitido subsidiar estes serviços com recurso a receitas dos impostos. É fácil, pois, concluir que a falácia do preço reduzido quer no serviço de abastecimento de água quer no serviço de saneamento de águas residuais não passa disso mesmo e que, a prazo, os preços destas tarifas vão ter de ser, de uma forma generalizada, ajustados.
É certo que vão ocorrendo falhas nestes sistemas. Infelizmente os sistemas, na maior parte antigos e construídos sem recurso a conhecimentos especializados, não são resilientes nem isentos de falhas como todos desejamos. Mas para torná-los mais fiáveis e capazes são necessários, naturalmente, mais meios; e, numa altura em que a União Europeia vai fechando a torneira ao financiamento destes sistemas a fundo perdido, é crítico que as entidades sejam financeiramente autossuficientes.
O valor que damos à água é certamente incalculável, é fundamental para a nossa saúde e qualidade de vida e sem ela não conseguiríamos sobreviver. Mas para a termos nas condições que nos habituamos vamos cada vez ter de nos esforçar mais.
Assim, ao refletirmos sobre o valor da água e o esforço coletivo necessário para garantir o acesso universal a este recurso essencial, é fundamental reconhecer que o sucesso da missão da ABMG depende também da competência e dedicação dos Serviços de Suporte à Gestão e Recursos Humanos. Estes serviços, ao promoverem uma gestão integrada e estratégica dos recursos, humanos e financeiros, asseguram que a organização dispõe dos meios humanos e técnicos necessários para enfrentar os desafios presentes e futuros, contribuindo para a melhoria contínua da qualidade de vida das populações servidas.
Rafael Tralhão Gomes, Economista
Diretor dos Serviços de Suporte à Gestão e aos Recursos Humanos
