ABMG INVESTE 9 MILHÕES PARA SERVIR MUNÍCIPES DE TRÊS CONCELHOS


INTERMUNICIPAL MIRA, MONTEMOR-O-VELHO E SOURE ABRAÇARAM PROJECTO QUE PRETENDE “GANHAR ESCALA” PARA “ENCONTRAR A MÉDIO PRAZO FORMAS ALTERNATIVAS DE FORNECER ÁGUA DE MELHOR QUALIDADE”

A Águas do Baixo Mondego e Gândara (ABMG), constituída formalmente a 15 de Janeiro de 2020, está no terreno a efectuar vários investimentos estruturais, que ascendem a 9 milhões de euros, com o principal objectivo de «encontrar a médio prazo formas alternativas de fornecer água de  melhor qualidade a Mira, Montemor-o-Velho e Soure», os três municípios que integram a estrutura liderada por Mário Jorge Nunes. «O conjunto de investimentos da ABMG para o ano de 2020 e 2021 ascende a mais de 9 milhões de euros, distribuídos por sete candidaturas entregues no POSEUR. Este valor, no entanto, não contempla investimentos que já começamos a efectuar, designadamente no concelho de Mira, na melhoria dos sistemas de abastecimento de água para o imediato», adianta o presidente do Conselho de Administração da empresa. 

ABMG substitui municípios

O também autarca de Soure refere estar «em perspectiva a criação de dois novos furos em Mira para captação de água e dois novos reservatórios, que deverão estar concluídos antes do Verão, para servirem de reserva estratégica de água para ter o bem essencial em quantidade e qualidade no pico do Verão». «Nos restantes dois concelhos, os investimentos estão a chegar ao fim, alguns

iniciados pelas próprias , e estamos a investir em tecnologia para melhorar a eficiência energética e para melhorar a eficiência instrumental e operacional», explica o responsável. Mário Jorge Nunes assume, para que não existem dúvidas sobre esta matéria, que a principal missão da ABMG é servir as pessoas. «A ABMG apenas se substitui aos municípios para servir a sua população. Existe uma substituição, não existe um novo negócio, não há uma nova exploração comercial, há, sim, uma substituição da responsabilidade dos municípios, que têm outras preocupações, como por exemplo, sociais, saúde, educação e ordenamento do território. No entanto, por uma questão de escala e de ter outra capacidade de intervenção resolveram juntar-se e, em conjunto, fazer a exploração do sistema destes três concelhos», adianta. Mira tem “grandes desequilíbrios” Mário Jorge Nunes reconhece, porém, que o concelho de Mira, neste caso concreto, «tem um esforço e uma solidariedade acrescida em relação a Soure e Montemor» porque, diz, «tem um grande desequilíbrio naquilo que é o uso e as suas necessidades de água». «É um concelho com grande capacidade de mobilidade de consumo, veja-se, por exemplo, no Verão, a população residente duplica, logo os

utilizadores de água também, por força da sua actividade turística. É um concelho que se está a desenvolver fortemente do ponto de vista agro-industrial e necessita ainda, num futuro próximo, de mais quantidade e qualidade de água para actividade empresarial e para os serviços e turismo», frisa.

Esta forte componente turística e industrial de Mira leva os responsáveis a ter «uma maior preocupação» e como tal «o concelho terá de ter um esforço em participar nesta sua sustentabilidade». 

INOVA será parceiro estratégico

Mário Jorge Nunes não se poupa a esforços para demonstrar aos munícipes o funcionamento e a estratégia que a ABMG está a adoptar. O presidente do conselho de administração afirma que a INOVA, empresa municipal que gere o abastecimento de água e saneamento em Cantanhede, «é um exemplo a seguir» e que será «um parceiro fundamental» da ABMG em todo o processo. O responsável fez, igualmente, uma comparação em relação aos municípios à volta de Mira, Montemor e Soure que avançaram com a criação de sistemas para gerir o recurso. «Mira está cercada a Norte pelos concelhos fornecidos pela ADRA – Águas da Região de Aveiro. Cantanhede tem a INOVA, empresa municipal que já solidificou a sua actividade, tem formas de rendimento e consegue prestar um excelente serviço aos seus munícipes. Coimbra, Mealhada e Condeixa fizeram há muito um esforço e têm um histórico de sustentabilidade reflectido nas suas tarifas que levam a que se perceba que ou a ABMG chega a esse esforço ou os contribuintes, que gerem bem os seus impostos, irão sempre olhar com desconfiança para a qualidade do serviço que prestamos», disse. Para finalizar, Mário Jorge Nunes revela que do lado do mar a Águas da Figueira, «uma empresa concessionária privada, cujas tarifas são públicas mas o esforço dos figueirenses e das empresas de vários sectores provaram que o empenho inicial feito e conhecido, nomeadamente no ajuste do tarifário, fez com que a Figueira da Foz hoje, por força dessa concessão, não tenha problemas de abastecimento de água e de qualidade». «E é isso que queremos», conclui.

“ENFRENTAMOS COM CORAGEM

IMPLEMENTAÇÃO DE NOVO TARIFÁRIO”

ALTERAÇÃO Responsáveis reconhecem que volume de investimentos terá de ser suportado pelos munícipes,

embora baseado num modelo económico bem construído. Importante intensificar foco nas zonas de medição e controlo

 O presidente do conselho de administração da Águas Baixo Mondego e Gândara adianta, sem subterfúgios, que terão de ser os munícipes a suportar os vários investimentos que estão a ser efectuados no terreno para poder “oferecer” um melhor serviço de abastecimento de água e saneamento à população dos três concelhos. «Enfrentamos com grande coragem a implementação de um novo sistema tarifário, ao qual os munícipes de Soure e Montemor não são alheios, por isso apelamos aos munícipes de Mira para refletirem, fazerem o seu enquadramento e olharem para o que está à volta e acreditarem nos investimentos que a ABMG vai fazer», vinca Mário Jorge Nunes.

«Para o investimento na ordem dos 10 milhões de euros temos assegurado um financiamento

de fundos comunitários de pouco mais de 3 milhões e 700 mil, sendo que terão de ser os clientes/munícipes destes concelhos, numa estratégia de empenho e de endividamento a médio prazo, a conseguirem os restantes 6 milhões e 300 mil. Portanto, não haja ilusões, têm de ser os munícipes, com um modelo económico bem construído, através das tarifas a pagar este investimento», explica.

O responsável não “fecha a porta” à contratação de «um empréstimo bancário a longo pra – zo», contudo, assume, esse empréstimo «terá de ser compensado através do ajustamento das tarifas e da melhoria da eficiência». «Podemos ganhar eficiência, nomeadamente no campo da energia, onde temos sistemas obsoletos a consumirem muito mais do que necessário, aproveitando instalações e equipamentos para instalar energias renováveis e, dessa forma, diminuir os custos de produção e de recursos que tenham consumos exagerados», frisa. Já o director-geral da ABMG focou a importância de intensificar o foco nas zonas de medição e controlo, considerando que «toda a eficiência passará pela área de controlo e de perda, bem como por uma melhor gestão dos sistemas de distribuição». A melhoria destes serviços, afirma Décio Matias, «faz com que as pessoas tenham cada vez menos problemas de falta de água», uma vez que a ABMG vai passar a exercer uma estreita atenção «à pressão das redes, às fugas e às perdas». Décio Matias avança que o saneamento é outra das preocupações da nova empresa. «Os três concelhos têm candidaturas a esse nível» e o responsável não esconde também que os investimentos que estão a ser executados farão «subir a factura aos munícipes. «O tarifário vai pesar um pouco em Mira, mas foram os valores aprovados pela Câmara e Assembleia Municipal. O tarifário está definido, aprovado e elaborado após um estudo de viabilidade económico- financeiro, que permite numa primeira fase dar suporte a todo este investimento.

Director-geral “é um profundo conhecedor do sistema”

Mário Jorge Nunes teceu rasgados elogios ao primeiro director-geral da estrutura. «Décio Matias tem capacidade de lideran ça e organização e conhece bem o território, dadas as fun ções que

exerceu no município de Montemor e pela sua actividade profissional ligada ao Ministério da Saúde. É um profundo conhecedor do sistema do maior território da ABMG (Montemor), localidade que deu passos muito importantes nos últimos seis anos em termos de qualidade do abastecimento de água e em termos da qualidade e dimensão do sistema de recolha de águas residuais», adianta o presidente da ABMG. A experiência do responsável concede «garantias de que com grande equilíbrio a empresa conseguirá fazer o mesmo nos três municípios», acrescentou.

Para Décio Matias as novas funções são «um desafio». 

Protocolo com IPC para melhorar eficiência hídrica e energética

O protocolo que a ABMG estabeleceu com o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), cujo apoio técnico e científico é dado pela Escola Superior de Engenharia de Coimbra, na pessoa de Joaquim Sousa, tem como finalidade «melhorar a eficiência do ponto de vista hídrico, energético e ambiental», de forma a que o serviço possa chegar aos clientes «com qualidade e com menor impacto financeiro». Neste momento existem «vários projectos em preparação e o objectivo passa por tentar optimizar esses programas submetidos a candidatura», adianta Joaquim Sousa. Os projectos, diz o responsável, «contemplam redes de saneamento e ETAR’s novas e outras para reabilitar». Além do protocolo com o IPC e a INOVA, a ABMG estabeleceu parcerias com a Águas de Coimbra, Águas Centro Litoral e Águas de Portugal estando em perspectivas acordos com a Universidade da Beira Interior (UBI) e com a Universidade de Aveiro para «avançar com investigações no sub-solo que permitam futuras captações para abastecimento de água».

Actualmente existem «13 captações em Soure, 11 em Montemor e quatro em Mira, mas na opinião de Joaquim Sousa «são manifestamente insuficientes», porque começam a ser consideradas «precárias».

Diário de Coimbra

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